Vingança motivou assassinato de advogado em Manaus
O mandante do crime alimentou o sentimento de vingança por conta de o advogado ter sido o responsável de sua prisão por tráfico de drogas, em junho deste ano.
Vingança. Este foi o sentimento que motivou Hélio Alerandro Pereira Lima, de 22 anos, mandante do homicídio do advogado Luís Carlos Calderaro, morto a tiros no dia 1º de agosto deste ano, no bairro Aparecida, Zona Sul de Manaus. A confissão foi dada em depoimento à polícia na manhã desta quinta-feira (24), na sede da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS).
De acordo com o titular da especializada, delegado Ricardo Cunha, o mandante do crime alimentou o sentimento de vingança por conta de o advogado ter sido o responsável de sua prisão por tráfico de drogas, em junho deste ano.
As ameaças, segundo a confissão de Hélio, eram feitas por aplicativos de mensagem. O delegado acrescenta que o autor dos disparos que vitimou o advogado foi um adolescente de 17 anos, que também estava envolvido no crime cometido junto com Hélio no mês de junho.
“Ele [Hélio] foi preso por tráfico de drogas juntamente com um menor de idade, um adolescente de 16 anos. E, pasmem, esse adolescente foi o atirador desse crime. A pessoa que planejou junto com Hélio esse assassinato. O adolescente também tinha esse sentimento de vingança”, declarou Cunha.
Noite do crime
O delegado conta que na noite de 1º de agosto, uma terça-feira em que é realizada tradicionalmente uma feira no bairro Aparecida, Hélio estava perto da casa do advogado pronto para comunicar o adolescente.
“Quando o advogado saiu de casa, Hélio comunicou o adolescente, que recebeu uma arma de fogo dos traficantes da região e começou a andar normalmente na rua do advogado. Ao se aproximar, proferiu o tiro que atingiu a cabeça de Luís Carlos que morou logo após”, descreveu o delegado.
‘Novo gerente’
O advogado Luís Carlos, segundo o delegado, cedia o espaço da frente de sua casa para que funcionasse como vagas de estacionamento para pessoas que frequentavam a feira do bairro Aparecida. Após a morte do advogado, Hélio passou a “gerir” o local e recolher o dinheiro adquirido pelos “flanelinhas”.
“O advogado utilizava as vagas em frente à sua residência para flanelinhas exercerem a função de vigiar carros em dias de feira. Após a morte do advogado, Hélio Alerandro passou a recolher o dinheiro desses flanelinhas, que estavam trabalhando na frente da casa do advogado”, acrescentou o titular da DEHS.
Adolescente foragido
O adolescente autor dos disparos que matou o advogado está com mandando de busca e apreensão e segue foragido. Já Alerandro, segue para audiência de custódia e permanecerá à mercê da Justiça.
“Tentamos efetuar a apreensão deste menor, mas ele já não se encontrava em sua residência. O adolescente está com um mandado de busca, apreensão e internação expedido pelo Juizado da Infância e Juventude. Então, ele segue foragido. O crime está elucidado, Alerandro vai ser encaminhado para a audiência de custódia e estará a disposição da Justiça”, pontuou Cunha.
OAB acompanha
O presidente da Comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Amazonas (OAB/AM), Alan Jhonny, esteve presente na coletiva juntamente com demais advogados membros da ordem.
Segundo Jhonny, a OAB irá acompanhar o caso até o final das investigações. Questionado se o advogado Luís Carlos Calderaro teria comunicado à OAB sobre as ameaças que recebia, Jhonny respondeu que não foi feito nenhuma declaração sobre isso. Mas, se a Ordem estivesse ciente iria agir.
“A OAB vai acompanhar até o final das investigações e também da ação penal [pela vitima] se tratar de um advogado. Nós recebemos com tristeza essa informação porque o advogado estava combatendo o tráfico de drogas na sua região. É lamentável o que aconteceu. A OAB se tivesse tido conhecimento dessas ameaças – o advogado não comunicou a Ordem sobre essas ameaças – nós teríamos agido”, declarou Alan Jhonny.