Samu Manaus promove capacitação em primeiros socorros em comunidade ribeirinha do rio Amazonas
Profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), da Prefeitura de Manaus, realizaram uma capacitação em primeiros socorros para trabalhadores da saúde e moradores da comunidade Jatuarana, situada na margem esquerda do rio Amazonas, a 1 hora e 40 de distância da zona urbana da capital, na quinta-feira, 29/5. As equipes do serviço, gerenciado pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), orientaram os participantes sobre procedimentos e condutas para atenção inicial a pessoas em situações de risco à vida.
O treinamento na localidade, com população estimada de 340 pessoas, foi realizado na escola municipal Profª Elizabeth Ferreira e teve a participação de profissionais da Unidade de Apoio Rural Jatuarana, também gerenciada pela Semsa, ao lado de alunos, professores e comunitários. Eles receberam noções teóricas e práticas para identificar e avaliar cenários de risco, realizar procedimentos básicos para preservação da vida e fazer relatos qualificados nos chamados ao serviço de urgência.
A chefe do Núcleo de Educação em Urgência do Samu, enfermeira Lêda Sobral, aponta que a capacitação dos comunitários é importante para que pessoas vítimas de acidentes e outras ocorrências recebam um cuidado inicial adequado até a chegada da ajuda especializada do serviço, e tenham com isso uma maior chance de sobrevida.
“Numa situação crítica, é fundamental que quem esteja no lugar possa prestar o primeiro atendimento correto e seguro, para que a pessoa sobreviva com um mínimo de sequelas. Considerando a distância, a dificuldade de acesso, as situações de cheia e seca, isso é essencial”, observa a gestora.
O conteúdo programático do treinamento incluiu noções e primeiros socorros em casos de desmaios e convulsões, além de traumatismos físicos, como ferimentos, fraturas, luxações, entorses e distensões. Os participantes realizaram também atividades práticas com manequins, para simulação de técnicas de desobstrução em casos de engasgo e de reanimação cardiopulmonar (RCP) em paradas cardiorrespiratórias, além do transporte e imobilização de vítimas em prancha de resgate.
Conforme a chefe de apoio da Unidade Jatuarana, Nerilene Norte, a equipe do estabelecimento, formada por agentes comunitários de saúde e de controle de endemias (ACSs e ACEs), já presta suporte em casos de urgência, fazendo o contato e relato da situação ao Samu pelo 192. Ela avalia a iniciativa do serviço municipal como um marco para a comunidade, garantindo uma atuação mais assertiva das equipes de saúde, bem como dos comunitários, nesse tipo de ocorrência.
“Muitas vezes as pessoas não sabem como buscar ajuda e relatar casos de urgência. Esse curso, alcançando mais pessoas, vai ter um impacto positivo na questão dos acionamentos do Samu e do cuidado da população com a prestação de socorro até a chegada da ambulância”, assinala a servidora.
Uma das participantes do treinamento, a ACS da Unidade Jatuarana, Aldeneide Lima, relata que já houve casos de óbito na localidade pela falta de suporte de primeiros socorros e demora na busca pela ajuda do Samu. Para ela, que tem formação técnica em enfermagem, o curso vai ajudar os moradores a reconhecer quando alguém necessita de socorro e também a prestar atendimento imediato.
“E nós, que atuamos na prevenção e promoção da saúde, vamos seguir levando os conhecimentos que recebemos aqui para mais moradores, para que eles possam buscar ajuda e saibam como agir numa hora de emergência”, informou.
Outra participante do curso, a estudante Samily Seabra, de 15 anos, conta que vivenciou uma situação de urgência quando sua avó sofreu um engasgo, e na época não sabia como agir. A idosa, ela lembra, foi hospitalizada e, felizmente, sobreviveu. “No curso aprendi como fazer o procedimento de desengasgo e me sinto mais preparada. Quando ocorrer a situação de alguém passando mal, já sei como ajudar”.
Cobertura
Jatuarana é uma dentre 45 comunidades ribeirinhas atendidas pelo Samu Manaus, situadas numa faixa de 200 quilômetros ao longo dos rios Negro e Solimões. Ao todo, quatro lanchas atuam no atendimento de ocorrências nessas localidades, duas delas equipadas para suporte básico à vida e duas para suporte avançado, a partir da base do serviço situada no porto do São Raimundo, na zona Oeste da capital.
O chefe de Transporte Fluvial do Samu, Diego Lucas Pereira, relata que os chamados para atendimento nas áreas ribeirinhas, assim como nas áreas urbana e rural terrestre, são feitas pela Central de Regulação do serviço, no número 192. A remoção dos usuários, informa ele, é feita por um dos locais de acesso fluvial na zona urbana, como os portos do Ceasa e São Raimundo ou a marina do David, de onde são transferidos para ambulâncias do serviço e levados a uma unidade hospitalar.
“Um dos desafios do serviço fluvial é a distância, pois há comunidades em que podemos levar até cinco horas no trajeto de ida e volta. Em alguns locais, há ainda dificuldades de estrutura para o desembarque das equipes e retirada dos pacientes”, observa Diego.
O clima, complementa o gestor, é outro desafio recorrente para as equipes de socorro fluviais. Além de intempéries, como tempestades e chuvas intensas, as secas dos rios isolam e dificultam ainda mais o acesso a algumas comunidades. Nos casos mais graves, o Samu busca o apoio do Departamento Integrado de Operações Aéreas (Dioa), da Secretaria Estado de Segurança Pública do estado (SSP-AM).
“Quando não condições da lancha chegar ao local, solicitamos suporte do Dioa para transporte por helicóptero, que vai com uma equipe de médicos e enfermeiros para buscar aquele paciente”, informa.
Educação em urgência
O Samu Manaus desenvolve regularmente atividades de educação em saúde junto a instituições públicas e privadas, grupos e comunidades, além da capacitação e atualização de profissionais do serviço móvel e da saúde municipal, por meio do Núcleo de Educação em Urgência. As ações alcançam tanto profissionais como leigos, da rede municipal ou de outros órgãos, esferas e instituições, como empresas, associações, hospitais, igrejas, entre outras.
Lêda Sobral enfatiza o trabalho do núcleo na formação de profissionais da educação, atendendo à chamada Lei Lucas, Lei 13.722, de 4 de outubro de 2018, que tornou obrigatória a capacitação dos servidores de estabelecimentos de ensino públicos e privados em noções básicas de primeiros socorros.
“Iniciamos nessa semana o terceiro ano da capacitação de professores das escolas municipais, onde treinamos quase 3 mil profissionais, e também já trabalhamos com profissionais da rede estadual, para que eles saibam atender as crianças em situações emergenciais”, informa.
O alcance do serviço, assinala a gestora, vai ainda além da capital, na medida em que núcleo de Educação em Urgência promove também capacitações e cursos para equipes de atendimento pré-hospitalar e intra-hospitalar em outros municípios do Amazonas.
“Estamos também iniciando uma nova etapa, a partir do dia 8 de junho, com a realização de uma capacitação em Rorainópolis, em Roraima. Passamos dos nossos muros e estamos levando nossa expertise e apoio a profissionais de outros estados também”, conclui.
Texto – Jony Clay Borges / Semsa
Fotos – Antônio Pereira / Semcom
Disponíveis em – https://flic.kr/s/aHBqjCg2Nk
Publicado em – https://www.manaus.am.gov.br/noticia/saude/comunidade-ribeirinha-capacitacao/
SEMSA – Secretaria Municipal de Saúde
Assessora responsável: Andrea Arruda – (92) 99100-0777
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