Jornalista faz grave denúncia: Falta atendimento, remédios e equipamentos na FCecon; sem morfina “muitos sofrem porque a dor é insuportável”, denunciam pacientes
Falta de medicamentos, equipamento quebrado, quimioterapia interrompida, falta de materiais. O Portal Alex Braga recebeu uma série de denúncias de pacientes que neste momento lutam contra o câncer e a falta de estrutura na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon).
Os pacientes reclamam da falta de materiais hospitalares, medicamentos e leitos na unidade. Conforme as denúncias, as sessões de quimioterapia são constantemente adiadas e as pessoas são mandadas embora para casa.
DE DENTRO DA FCECON
Um dos pacientes disse que pessoas buscam pelo tratamento contra o câncer são colocadas em cadeiras por horas e, muitas vezes, são mandados embora porque não tem medicamentos para realizar a quimioterapia.
Não vamos identificar os denunciantes para que não sejam prejudicados.
“Eu faço tratamento lá no FCECON de Quimioterapia, às vezes demora o atendimento, também tem enfermeiras que ficam na hora de atendimento só no celular e deixam a gente esperando. Quando termina a medicação nosso acompanhante vai lá avisar que terminou e eles vão quando bem querem.”

CRIANÇA FICOU CEGA POR FALTA DE ATENDIMENTO
Em março deste ano, uma criança de 5 anos ficou cega por falta de atendimento na FCecon. Segundo o relato do pai, o menino só recebeu o diagnóstico de “neoplasia benigna do encéfalo” (CID D33) em 23 fevereiro, quase um mês depois do primeiro exame, realizado em 24 de janeiro.
Diante do quadro, equipe médica solicitou a transferência da criança para o Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), que é a unidade pública de saúde referência, para realização da neurocirurgia de retirada do tumor.
Contudo, por ausência de material, o menino foi transferido e ficou aguardando transferência para tratamento neurocirúrgico fora do Estado.
Durante a espera no Joãozinho, a situação da criança se agravou, que acabou perdendo a visão em ambos os olhos, o que indica que o que o tumor está crescendo no crânio da criança, pressionando os olhos, laringe e faringe, dificultando a respiração e alimentação.

O pai então procurou presencialmente o plantão da DPE-AM solicitando atuação defensorial em favor de seu filho. A equipe de plantão da Defensoria ingressou com ação pedido que fossem tomadas, em caráter de urgências, as medidas necessárias para garantir a transferência da criança.
Na decisão que garantiu atendimento especializado ao paciente, o juiz plantonista determinou que, caso não haja unidade hospitalar no Amazonas com capacidade para tratar a criança, o menino receba tratamento imediato fora do Estado.
14 MESES ESPERANDO DIAGNÓSTICO
O Núcleo de Defesa da Saúde (Nudesa) da Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) instaurou um procedimento preparatório coletivo para coletar informações a respeito do planejamento e as políticas públicas para que pacientes com câncer tenham o acesso rápido ao diagnóstico da doença.
De acordo com o Núcleo, um levantamento feito no Amazonas comprovou uma média de 14 meses de espera para o diagnóstico de câncer de mama, por exemplo. Mas a partir de um trabalho de base minucioso, esse tempo foi reduzido para quatro meses.
“É previsto em lei federal que o diagnóstico deve ser entregue ao paciente em até 30 dias, quando a principal suspeita for de câncer. Mas, atualmente, o tempo de espera é superior a essa estimativa. Os pacientes que procuram a Defensoria já se encontram em estágio avançado e essa demora acarreta em mais gastos e uma dificuldade maior no tratamento”, disse o defensor público Arlindo Gonçalves, responsável pelo procedimento. .
Conforme Gonçalves, a Secretaria Estadual de Saúde (SES), a Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA), a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (Fcecon) e a Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam) foram oficiadas para que prestem esclarecimentos sobre o tema.
MÁQUINA QUEBRADA NA FCECON
Um paciente de Roraima que tem câncer de mama está com o tratamento parado após uma máquina quebrar. Raimunda da Conceição, de 55 anos, está em estágio avançado da doença, e veio para Manaus por não encontrar atendimento na Sesau comandada por Cecilia Lorenzon no governo de Antônio Denarium.

Segundo Andresson Conceição, de 31 anos, filho da paciente, a situação é crítica e afeta todos os doentes.
“Essa situação não afeta só a minha mãe, vários outros pacientes de Roraima vieram para Manaus para fazer esse tratamento. O paciente já vem preocupado por causa da doença e ainda tem que passar por isso, minha mãe está um pouco assustada e chora de vez em quando com saudade dos parentes”, relatou Andresson.
CADÊ O DINHEIRO?
Segundo uma paciente que esteve na Fcecon nesta quinta-feira (15), há duas semanas ela não consegue fazer quimioterapia.
“Fui fazer uma ressonância e uma quimio, e me mandaram de volta para casa. Não acontece só comigo, uma amiga minha passa pela mesma situação”.
No último dia 4 de agosto, a Fundação Cecon recebeu R$ 500 mil em uma doação feito pelo Bispo Bruno Leonardo, em evento na Arena da Amazônia. O que levanta questionamentos sobre o destino do valor recebido.

*Com informaççoes do Portal Alex Braga