Imprensa internacional repercute risco sanções dos EUA contra Alexandre de Moraes
A ameaça de sanções por parte dos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acentuou a tensão diplomática entre Brasília e Washington, segundo reportagem publicada nesta quarta-feira (28) pelo jornal britânico Financial Times. Em análise estão medidas como restrições de visto e sanções financeiras, amparadas na chamada Lei Magnitsky, mecanismo usado pelos EUA para punir autoridades estrangeiras acusadas de violações de direitos humanos e repressão.
A articulação das sanções ganhou força após declarações do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que afirmou haver uma “grande possibilidade” de medidas contra o magistrado. A iniciativa ocorre em meio a pressões de parlamentares republicanos ligados ao presidente Donald Trump, como a deputada Maria Elvira Salazar, e sob influência direta do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que tem atuado ativamente nos bastidores em Washington.
Segundo o Financial Times, Eduardo estimou que as chances de punição contra Moraes estão em 85%, durante eventos com aliados norte-americanos. Dias depois, passou a ser investigado por suspeita de obstrução de Justiça – justamente por sua atuação nos EUA. A apuração foi autorizada pelo próprio Moraes, em um episódio que alimentou ainda mais as alegações de perseguição política.
Em resposta à crise, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, chefiado por Mauro Vieira, mobilizou ações diplomáticas para tentar conter o desgaste. A embaixada brasileira em Washington trabalha para reforçar o discurso de que “a democracia e a liberdade de expressão estão garantidas no país”, afirma a reportagem.
No entanto, segundo o jornal britânico, a versão de que o ex-presidente Jair Bolsonaro é alvo de perseguição política tem ganhado tração nos Estados Unidos, especialmente entre setores conservadores e empresas de tecnologia.
Empresas como a Rumble e a Trump Media & Technology Group já entraram com ações judiciais contra Moraes no estado da Flórida, acusando o magistrado de “censura internacional”, com base em decisões do STF que determinaram o bloqueio de perfis em redes sociais. Segundo os autores das ações, o ministro teria contornado os canais diplomáticos formais, enviando ordens judiciais diretamente às empresas americanas — sem passar pelo governo dos EUA.
Elon Musk, CEO da plataforma X (ex-Twitter), também tem se posicionado contra Moraes, acusando o magistrado de impor censura e violar a liberdade de expressão. Nos bastidores, empresas de tecnologia afetadas por decisões do Supremo estariam pressionando autoridades americanas a reagirem.