Política

Governo Lula pagou R$167 milhões em emendas parlamentares em maio, fora do radar do Portal da Transparência

Maior repasse foi para órgão da Bahia ligado ao ministro Rui Costa; dados atualizados constam apenas do Tesouro Nacional

Apesar da falta de atualização no Portal da Transparência, o governo Lula (PT) pagou mais de R$167 milhões em emendas parlamentares apenas no mês de maio, segundo informações do Diário do Poder. A movimentação financeira envolve principalmente emendas individuais e de bancada, utilizadas para atender aliados políticos e viabilizar acordos no Congresso.

O maior repasse registrado no período foi de R$15,4 milhões destinados à Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) da Bahia, vinculada ao governo estadual e ligada politicamente ao ex-governador e atual ministro da Casa Civil, Rui Costa. O valor chama atenção por coincidir com a atuação de Costa como um dos principais articuladores políticos do Planalto.

Outros dois repasses expressivos no mês de maio foram para municípios de Roraima: R$5,8 milhões para Rorainópolis e R$5,6 milhões para a capital, Boa Vista.

No total, o governo Lula já pagou R$2,54 bilhões em emendas parlamentares ao longo de 2025, de acordo com os dados do Tesouro Nacional. Do montante, R$1,61 bilhão corresponde a emendas individuais, que são de execução obrigatória, e R$929 milhões a emendas de bancada.

Embora a execução orçamentária siga em ritmo acelerado, o Portal da Transparência da Controladoria-Geral da União (CGU) — principal ferramenta pública de controle social dos gastos federais — registra apenas R$40 mil em pagamentos de emendas parlamentares em 2025. A discrepância entre os dados do Tesouro e os da CGU levanta questionamentos sobre a transparência e o controle dos repasses.

A prática do governo de usar emendas como ferramenta de negociação política é historicamente comum, mas voltou a ganhar destaque nos últimos anos em meio a embates entre o Executivo e o Legislativo. Em 2024, o Planalto enfrentou pressões crescentes para liberar emendas em troca de apoio em votações-chave no Congresso.