Política

Governo Lula derrete em público: CPI do INSS e avanço da oposição escancaram crise

Nem mesmo os partidos com ministérios conseguem fingir lealdade quando o eleitorado grita

Em menos de 30 dias, o governo Lula(PT) acumulou uma série de oito derrotas estratégicas no Congresso, expondo a fragilidade de uma base aliada que se mostra cada vez mais simbólica no papel e inoperante na prática. O mais recente abalo veio do PDT, que rompeu formalmente com o Planalto após a queda de Carlos Lupi do Ministério da Previdência pasta envolvida no escândalo bilionário de fraudes no INSS.

Enquanto isso, Lula assiste passivamente à corrosão de sua governabilidade, agravada por sucessivos episódios de deslealdade por parte de partidos que ocupam ministérios e, ao mesmo tempo, sabotam a agenda presidencial no Legislativo.

No dia 7 de maio, a Câmara aprovou com ampla maioria (315 a 143) a suspensão de uma ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL), isolando mais uma vez o PT e seus aliados de esquerda. A decisão expôs não só o enfraquecimento da articulação do governo, como também o distanciamento de partidos como União Brasil, PP, PSD e MDB — todos ocupando posições estratégicas na Esplanada dos Ministérios.

A sucessão de derrotas começou em abril, com o avanço do pedido de urgência para a anistia dos condenados pelos atos de 8 de janeiro. No dia 22, o líder do União Brasil, Pedro Lucas Fernandes (MA), recusou o convite para assumir o Ministério das Comunicações, após pressões internas do próprio partido, dividido entre governistas e opositores.

A crise se aprofundou no fim do mês, quando a Comissão de Constituição e Justiça rejeitou o recurso do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), aliado do Planalto, contra sua cassação. No mesmo dia, União Brasil e PP formalizaram uma federação com tom oposicionista, em evento esvaziado de ministros governistas e dominado por críticos declarados de Lula.

A situação se agravou ainda mais em 30 de abril, com a articulação bem-sucedida da oposição para instaurar uma CPI destinada a investigar o esquema de descontos ilegais em aposentadorias e pensões do INSS. Mais uma vez, partidos da base formal do governo assinaram o pedido, desautorizando qualquer tentativa de controle por parte do Planalto.

A resposta do governo, por meio da Secretaria de Relações Institucionais, foi protocolar: tentou minimizar a ruptura com os partidos de centro, alegando que a relação nunca foi “total” e que a agenda legislativa ainda avança. No entanto, os fatos apontam na direção contrária. Nem mesmo em datas simbólicas como o 1º de Maio Lula teve força para se expor: optou por se ausentar dos eventos sindicais, diante do risco de fracasso de público.

Gilberto Kassab, presidente do PSD — partido com três ministérios no governo —, reforçou seu compromisso com Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo e possível adversário de Lula em 2026. A duplicidade de alianças, hoje naturalizada por líderes do centrão, é mais um indicativo da falência da base montada por Lula com promessas e cargos.

Mesmo com 11 ministérios entregues a partidos de centro e direita, o governo continua acumulando derrotas, sem conseguir impor sua pauta nem fidelizar seus supostos aliados. A prática já supera o discurso: Lula governa com uma base que, na hora de votar, governa contra ele.