Excesso de fumaça: médico destaca cuidados que devem ser tomados com a saúde nesta época
O otorrinolaringologista Luiz Avelino enfatiza que neste tempo seco é fundamental melhorar a hidratação
As pessoas que residem em Manaus e na região metropolitana estão enfrentando sérios riscos à saúde devido à combinação do excesso de fumaça proveniente das queimadas e ao tempo seco, que se instalou na região Amazônica, em meio à chegada da estiagem. Essa situação preocupante está afetando especialmente aqueles que têm problemas respiratórios e em tratamento relacionado às consequências da Covid-19, por exemplo.
Um levantamento divulgado por A Crítica revelou uma queda abrupta na qualidade do ar na última quarta-feira (20), devido às queimadas na Região Metropolitana. O Selva App, da Universidade do Estado do Amazonas, registrou um pico alarmante de 146 pontos na área central de Manaus, o que gerou um alerta para grupos mais vulneráveis.
O médico otorrinolaringologista Luiz Avelino enfatiza que esse cenário exige cuidados redobrados: “O principal risco é a intoxicação, com irritação das vias aéreas e dos pulmões, prejudicando a troca de gases e aumentando a produção de muco, o que pode levar a infecções respiratórias”, destaca.”Agravando a situação”, continua o médico, “as queimadas são mais frequentes nesta época do ano, e a umidade relativa do ar está excepcionalmente baixa, abaixo de 50%. Essa baixa umidade, por si só, já causa irritação das vias respiratórias”, apontou.
Para enfrentar o tempo seco durante esse período de alta concentração de fumaça devido às queimadas, o médico sugere o uso de umidificadores como uma solução eficaz e momentânea. Ele explica que, especialmente nos meses de agosto, setembro e outubro, quando predomina o verão amazônico, é crucial melhorar a umidade do ar.”Em meio a essa crise, é fundamental melhorar a hidratação do ar. O uso de umidificadores de ar é altamente recomendado neste período”, enfatiza Avelino. “O ressecamento do ar e a química da fumaça podem causar irritações, crises de tosse, espirros e agravar condições como a rinite. Além disso, a exposição prolongada aumenta o risco de infecções bacterianas”, afirma.
Enquanto a saúde da população enfrenta esse desafio, a região também lida com o fenômeno do El Niño, que costuma elevar as temperaturas e causar “queimadas espontâneas”. Nas últimas semanas, o município de Autazes, localizado a pouco mais de 100 quilômetros de Manaus, registrou um aumento de 15% nos focos de incêndio, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O Amazonas agora figura como o segundo estado brasileiro com mais focos de calor, representando 45% dos alertas emitidos entre terça e quarta-feira (20), quando a capital foi tomada pela fumaça, obrigando o aeroporto de Manaus a operar com instrumentos.
Presença constante
Desde agosto, a fumaça tornou-se uma presença constante na capital, e a qualidade do ar continua a deteriorar-se. Em meio a esse cenário crítico, prevê-se um clima seco e uma onda de calor extremo para os próximos dias, não apenas no Amazonas.
Fumaça que atrapalha e prejudica
“Eu tenho dois filhos, o mais novo tem rinite desde muito pequeno. Agora ele tem 11 anos e sofre muito com as crises, principalmente à noite”, conta a professora da rede estadual, Ângela Ribeiro. A moradora do bairro São José 2 afirma que coloca um pano molhado perto da cama onde os filhos dormem, na tentativa de umidificar o ar, mas que mesmo assim, a medida não tem dado resultados significativos nos últimos dias.“Isso [excesso de fumaça] prejudica a concentração dele na escola”, explica a professora. “Ele sai de casa sem dormir direito, chega na escola e o cheiro de fumaça não deixa ele se concentrar no conteúdo. Vejo isso acontecer com meus alunos, que também têm reclamado do cheiro constante de queimado.”
A prefeitura tem se esforçado para implementar campanhas de conscientização, como a “Blitz Manaus Sem Fumaça”, que distribui material educativo para os moradores da cidade evitarem a queima de resíduos. Além disso, o executivo estadual, ao decretar estado de emergência ambiental, aprovou o envio de mais de 100 brigadistas para atuar em áreas de queimadas.