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Eleições 2024: Nunes e Boulos vão disputar 2º turno em São Paulo

Apuração das urnas neste domingo confirma 2º turno entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSol) na eleição à Prefeitura de SP

São Paulo — O prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (PSol) vão disputar o segundo turno da eleição à Prefeitura de São Paulo, que ocorre no dia 27 de outubro. Os resultados foram divulgados na noite deste domingo (6/10) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

Com 99,88% das urnas apuradas, Nunes tinha 29,48% dos votos, enquanto Boulos somava 29,07%. Os dois desbancaram o influenciador Pablo Marçal (PRTB), que marcava 28,14%, em terceiro lugar, na disputa para prefeito da capital paulista mais acirrada desde 1985, ano da primeira eleição direta pós ditadura militar.

A deputada federal Tabata Amaral (PSB) ficou em quarto, com 9,91%, enquanto que o apresentador José Luiz Datena (PSDB) não conseguiu ultrapassar a marca dos 2% — tinha 1,84% —, no pior desempenho de um tucano na história das eleições paulistanas. Atrás dele, Marina Helena (Novo) somava 1,38%.

Nunes se manteve na frente durante toda a apuração. Boulos largou em terceiro lugar e ultrapassou Marçal quando havia 30,69% das urnas apuradas. A disputa pela liderança chegou a ficar bem apertada e, com 47,7% de apuração, a diferença entre o atual prefeito e o candidato do PSol era de apenas 1.716 votos.

No final, cada um dos três candidatos teve mais de 1,7 milhão de votos

Campanha agressiva

A campanha foi a mais bélica da história recente da política paulistana. Marcada por ofensas pessoais em série, agressões físicas em debates e acusações de corrupção, ligação com o tráfico e até de uso de drogas, a disputa contou com o uso sistemático das redes sociais, reverberou em batalhas jurídicas e colocou à prova a influência de padrinhos políticos e de grandes alianças partidárias.

A corrida eleitoral começou com os nomes apoiados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à frente nas pesquisas eleitorais. O deputado federal Guilherme Boulos (PSol), aliado do petista, e o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que atraiu o clã bolsonarista, lideravam os levantamentos e apostavam na polarização esquerda versus direita para chegar ao segundo turno, em uma espécie de recall das eleições de 2022.

Durante meses, o atual prefeito e candidato à reeleição costurou uma extensa coligação partidária com o objetivo de impedir uma candidatura genuinamente bolsonarista e embarcar na eleição como o nome “consensual” da direita para derrotar Boulos, em uma espécie de “frente ampla” contra o que ele chama de “extrema esquerda”.

A articulação rendeu frutos: o emedebista conseguiu evitar as candidaturas de Ricardo Salles (então no PL) e Kim Kataguiri (União Brasil), e garantiu uma aliança com 12 partidos, o que lhe rendeu mais de 60% do tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV. O prefeito também recebeu o apoio oficial de Bolsonaro, que indicou seu vice de chapa, o Coronel Mello Araújo (PL).

Perfil dos candidatos

Ricardo Nunes (MDB)

Ricardo Luís Reis Nunes nasceu em 13 de novembro de 1967, na capital. Chegou a estudar Direito na Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), mas, endividado, abandonou o curso para que pudesse trabalhar, segundo conta.

Criado na região de Interlagos, bairro de classe média da zona sul, ele é filho de uma dona de casa e de um comerciante português. Costuma dizer que se filiou ao MDB aos 18 anos, no mesmo dia em que tirou seu título de eleitor. Aos 21, disputou pela primeira vez as eleições para vereador da cidade, sem sucesso.

Em 2012, o prefeito conseguiu se eleger pela primeira vez vereador na Câmara Municipal da capital, com cerca de 30 mil votos. Quatro anos depois, em 2016, foi reeleito com mais de 55 mil votos.

Guilherme Boulos (PSol)

Formado em filosofia, especializado em psicologia clínica e com mestrado em psiquiatria, Boulos é psicanalista e professor. Hoje, é casado com a advogada Natália Szermeta, que conheceu na militância do MTST, e vive no Campo Limpo, bairro da periferia da zona sul da cidade.

O casal é pai de duas filhas adolescentes, com 13 e 14 anos, respectivamente. À Justiça Eleitoral, ele declarou um patrimônio de R$ 199,6 mil, incluindo duas aplicações financeiras, metade de sua casa e seu carro Celta 2009/2010, que virou sua marca registrada em outras campanhas.

Boulos ganhou projeção nacional com a onda de manifestações em 2013 e com a ocupação, em 2014, de um terreno em Itaquera, na zona leste, chamado de Copa do Povo. O local foi ocupado pelo MTST durante protestos contra as desapropriações na região para a construção da Arena Corinthians para a Copa do Mundo. Ironicamente, ele é corintiano.