Cerimônia com ministra da Saúde Nísia Trindade que deixará cargo, é marcada por clima de constrangimento
BRASÍLIA – A cerimônia em que a ministra da Saúde, Nísia Trindade, assinou portarias referentes à produção de vacinas, nesta terça-feira, 25, foi marcada por constrangimento. Prestes a deixar o cargo, dando início à reforma ministerial, Nísia fez um longo discurso, em tom de despedida, e cumprimentou vários integrantes de sua equipe.
No fim da solenidade, realizada no Salão Leste do Palácio do Planalto, um repórter perguntou: “Presidente, o senhor vai fazer mudanças no Ministério?.” Lula se surpreendeu com o questionamento, houve silêncio no Salão Leste, mas ele não respondeu.
Lula escolheu o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para o lugar de Nísia. Até a hora da cerimônia, no entanto, o anúncio da troca ainda não havia sido feito. Nos bastidores, a ministra disse que o que mais lhe incomodava era o silêncio sobre sua situação. Elva vai se reunir ainda nesta terça-feira com Lula.
Ao chegar para a cerimônia e durante seu discurso, Nísia foi ovacionada pela plateia, como um sinal de desagravo à “fritura” que vem sofrendo. A ministra fez vários elogios a Lula, falou em “trabalho integrado” com sua equipe e pediu até um minuto de silêncio pela saúde do Papa.
Lula não discursou, como é de praxe em cerimônias como essa, e a todo momento olhava o relógio. Quem tentou quebrar o clima pesado foi o vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
“O ministro Walfrido ganhou de nós: a nossa meia é colorida, mas ele é sem-meia”, disse Alckmin para Lula, numa referência ao ex-ministro Walfrido dos Mares Guia, hoje um dos sócios da empresa Biomm, que estava na plateia.