Bolsonaro nega acusações de trama golpista e diz estar preparado para possível prisão
Ex-presidente afirma que acusações são perseguição política e que nunca cogitou ações fora da Constituição©Foto: Instagram
O ex-presidente Jair Bolsonaro rebateu nesta segunda-feira (26) as acusações de envolvimento em uma suposta trama golpista durante o fim de seu mandato. Indiciado pela Polícia Federal por crimes como tentativa de golpe de Estado e organização criminosa, Bolsonaro classificou a investigação como parte de uma “perseguição política”.
“Jamais discuti golpe com qualquer pessoa. Sempre defendi que tudo pode ser resolvido dentro das quatro linhas da Constituição”, afirmou o ex-presidente ao retornar a Brasília, após passar alguns dias em Alagoas.
Bolsonaro reconheceu a possibilidade de ser preso a qualquer momento, especialmente após a detenção de quatro generais e um agente da Polícia Federal suspeitos de envolvimento no suposto plano golpista. “Eu posso ser preso agora, ao sair do aeroporto”, declarou.
Sobre o Projeto de Lei da Anistia, que pode beneficiar aqueles condenados pelos atos de 8 de janeiro, o ex-presidente disse acreditar em um avanço da proposta ainda este ano, após negociações com o presidente da Câmara, Arthur Lira.
As apurações da Polícia Federal incluem relatos de reuniões com teor golpista realizadas em 2022. Em uma delas, o então presidente teria discutido com comandantes das Forças Armadas possibilidades como a decretação de Estado de Defesa ou Estado de Sítio para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com depoimentos, os comandantes do Exército e da Aeronáutica rejeitaram a ideia, enquanto o então comandante da Marinha teria demonstrado apoio. Bolsonaro, no entanto, nega qualquer intenção golpista.
Além disso, um encontro no Palácio do Planalto, em julho de 2022, é apontado como momento em que Bolsonaro incitou ações antes das eleições, alegando que “a esquerda venceria, independentemente do número de votos”.
Os advogados do ex-presidente afirmam que Bolsonaro nunca apoiou movimentos contrários ao Estado Democrático de Direito. Em publicação recente, ele classificou como “odiosos, mas não criminosos” os atos discutidos, argumentando que poderiam configurar ilícitos administrativos, mas não penais.
Bolsonaro também criticou as acusações em eventos públicos, alegando que não realizou nenhum movimento que caracterizasse um golpe de Estado. “Golpe é tanque na rua, conspiração e armas. Nada disso aconteceu”, afirmou.
As investigações seguem em curso, ampliando o foco sobre possíveis articulações e seus desdobramentos durante o período de transição presidencial.