Política

Aliados de Bolsonaro já admitem que eventual sanção dos EUA contra Moraes não terá efeito

Integrantes da base aliada de Jair Bolsonaro no Congresso Nacional já reconhecem, nos bastidores, que a ofensiva internacional liderada por Eduardo Bolsonaro (PL-SP) contra o ministro Alexandre de Moraes dificilmente trará efeitos concretos em favor do ex-presidente. A informação é da jornalista Bela Megale, publicada nesta terça-feira (28) no O Globo.

Segundo parlamentares ouvidos pela coluna, ainda que os Estados Unidos decidam impor algum tipo de sanção ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) — como a suspensão de visto ou restrições financeiras —, o gesto terá mais impacto simbólico do que prático. Para os aliados, a medida funciona apenas como aceno à base bolsonarista, mas não altera o cenário político ou jurídico de Bolsonaro.

“Suspender o visto de Alexandre de Moraes e seus cartões de crédito consistem num pequeno arranhão num gigante. Essas medidas não terão qualquer efeito sobre a atuação do ministro”, afirmou um dos aliados próximos à família Bolsonaro.

O núcleo político bolsonarista no Congresso também acredita que possíveis punições a integrantes do STF ou do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não terão poder de reverter a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, determinada por decisões da Justiça Eleitoral.

Apesar das dúvidas internas sobre os resultados da iniciativa, Eduardo Bolsonaro insiste que os Estados Unidos anunciarão medidas contra Moraes até a próxima semana. Desde que se autoexilou em território americano, em fevereiro deste ano, o deputado federal licenciado intensificou seus esforços para articular apoio de congressistas republicanos e da gestão Donald Trump, na tentativa de pressionar o Judiciário brasileiro.

Eduardo vem repetindo a interlocutores que, em conversa com Trump no início de 2024, o ex-presidente dos EUA se comprometeu a agir em apoio ao clã Bolsonaro. No entanto, dentro do próprio grupo bolsonarista, cresce o ceticismo quanto à concretização de qualquer represália por parte do governo norte-americano — sobretudo se for baseada em argumentos frágeis do ponto de vista legal e diplomático.

O gesto de Eduardo Bolsonaro, avaliam seus colegas de partido, parece ter mais apelo como narrativa política do que como estratégia com resultados reais. Ao adotar um tom de enfrentamento externo, o deputado reforça seu papel de porta-voz da oposição mais radical ao Judiciário brasileiro, mas enfrenta crescentes questionamentos sobre a eficácia de suas ações.