Política

Filho planejava realizar empréstimo bancário em nome do pai idoso morto

A DEHS agora investiga se Rômulo Alves já sabia que o pai estava morto ao sair de casa. Polícia não descarta homicídio. O caso aconteceu na av. Eduardo Ribeiro neste sábado (7)

A Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) investiga as circunstâncias da morte de José Pequenino da Costa, 77 anos, encontrado sem vida em uma cadeira de rodas enquanto era conduzido pelo filho, Rômulo Alves da Costa, 42, na avenida Eduardo Ribeiro, bairro Centro, zona Centro-Sul de Manaus, na tarde deste sábado (7).

Segundo informações preliminares da polícia, Rômulo teria saído com o pai para tentar realizar um empréstimo bancário. O delegado adjunto da DEHS, Adanor Porto, informou que o Romulo está sendo ouvido e que o inquérito está em andamento

“Nós temos informações preliminares de que o filho havia saído com o pai por volta de 12h30 para fazer um empréstimo bancário no Centro, para comprar, segundo ele, itens de higiene e comida para os dois, porque, até então, pelas alegações dele, está desempregado e não consegue trabalhar em razão dos cuidados com o pai”, explicou Porto.

Ainda de acordo com a autoridade policial, pai e filho moravam juntos há cerca de cinco meses e enfrentavam dificuldades financeiras. José era aposentado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e recebia um valor considerado baixo, o que, segundo a polícia, pode ter motivado a tentativa de empréstimo.

O caso ganhou repercussão após populares notarem que o idoso aparentava estar morto e acionarem a polícia. Segundo o capitão Carvalho, da 24ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), não há relatos de que o Rômulo estivesse pedindo dinheiro com o pai pelas ruas. “Não houve esse tipo de relato. O que aconteceu foi que a população constatou que o pai dele estava em óbito; parece que nem ele tinha percebido isso. Quando se deu conta, teve inclusive uma reação emotiva. A guarnição acionou o SAMU”, informou o capitão.

O Serviço Ambulatorial Móvel de Urgência (Samu) confirmou o óbito. Em seguida, foram acionados o Instituto Médico Legal (IML), a perícia e a própria DEHS. O delegado Alessandro Albino, diretor do DPM, afirmou que só o laudo definitivo poderá indicar com precisão a causa e o tempo da morte.“O perito que acompanhou o caso pôde aferir uma certa rigidez cadavérica, mas não foi possível determinar, no momento, o tempo exato da morte. Isso só será definido com o laudo definitivo do IML e também o laudo da criminalística, para que possamos entender qual foi a causa da morte, o tempo, e se houve algum crime”, explicou Albino.

Hipóteses

A DEHS avalia diferentes hipóteses, incluindo a possibilidade de vilipêndio de cadáver e tentativa de estelionato, caso fique comprovado que José já estava morto quando foi levado ao Centro de Manaus para realiar o empréstimo. O delegado Adanor Porto destacou que, mesmo que o filho seja liberado, o inquérito será instaurado. “Após a finalização, eu vou tomar a decisão se ele será liberado ou não, mas o inquérito será instaurado para apurar possíveis crimes”. declarou.Ele reforçou que os próximos passos dependem diretamente dos laudos técnicos.“Se o laudo indicar que ele já estava morto há muito tempo, e o filho o retirou de casa mesmo assim para tentar fazer o empréstimo, pode configurar vilipêndio de cadáver; estelionato também — mas ainda vamos apurar se ele chegou a entrar em instituições financeiras. Então, dependemos muito da resposta da perícia para definir do que ele pode de fato responder. A possibilidade de homicídio também não está descartada até o momento”, concluiu