Com apoio de ministros de Lula, MST usa feira da reforma agrária para atacar o agronegócio
A 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária, realizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) entre os dias 8 e 11 de maio em São Paulo, teve apoio explícito de membros do governo federal e foi marcada por fortes ataques ao agronegócio brasileiro. O evento reuniu ministros, parlamentares e representantes de estatais, enquanto exibia cartazes e slogans que associavam o setor produtivo rural a “fome, envenenamento, guerra e golpe de Estado”.
As críticas foram estampadas em faixas e materiais visuais inspirados na campanha “Agro é Pop”, da TV Globo, em uma tentativa deliberada de confrontar a imagem positiva do agronegócio na opinião pública. Um dos materiais, divulgado pelo jornalista Nacho Lemus (Telesur), descrevia o evento como uma feira em que o MST “denuncia a responsabilidade do agronegócio na crise ambiental, na fome e na tentativa de golpe de Estado”.
Apesar do tom político radical e da retórica de enfrentamento, o evento contou com a presença de autoridades de alto escalão do governo Lula, incluindo o vice-presidente Geraldo Alckmin, que elogiou publicamente o movimento, afirmando que o MST “desempenha um papel crucial para a agroecologia e agricultura familiar”.
Ministros como Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Luiz Marinho (Trabalho), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Márcia Lopes (Mulheres) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência) também compareceram. Gleisi afirmou que o evento é uma “grande propaganda sobre essa produção saudável e livre de agrotóxicos” e disse que o MST é “fundamental para o país”.
Durante o evento, o MST firmou acordos com entidades federais, como o Instituto Federal de São Paulo (IFSP), os Correios e a Fundação Banco do Brasil, prevendo apoio logístico, técnico e financeiro para iniciativas do movimento — inclusive aquelas associadas a ocupações de terra. O Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), comandado por Paulo Teixeira, oficializou o apoio institucional.
Essas parcerias ocorreram mesmo com o MST mantendo sua prática de invasões de propriedades rurais, o que tem gerado reações no setor produtivo e entre representantes da bancada do agronegócio no Congresso. A feira, que deveria focar em reforma agrária, foi usada como palco político para mobilização ideológica e confronto direto contra o agronegócio brasileiro — responsável por cerca de 25% do PIB nacional.
Lideranças do setor rural reagiram com críticas ao evento e ao apoio institucional do governo. Para representantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o uso de estatais e ministérios para financiar ou apoiar politicamente um movimento que criminaliza o agro é um grave sinal de descolamento da realidade econômica do país.