CPI do 8 de Janeiro: Cúpula das Forças Armadas cobra de provas para culpar Militares
As Forças Armadas e o Ministério da Defesa decidiram evitar comentários públicos sobre os resultados da CPI, a fim de evitar conflitos com o Legislativo. O Exército emitiu uma nota afirmando sua postura “apartidária” e enfatizou sua atuação pautada pela legalidade e respeito às instituições da República, acrescentando que não se manifesta durante investigações. Eles continuam acompanhando e contribuindo com as investigações conduzidas pelos órgãos competentes.
A avaliação na cúpula das Forças Armadas é que é necessário reunir provas conclusivas para formar convicção sobre os crimes alegados no relatório final da CPI. Mesmo com os pedidos de indiciamento, eles acreditam que o encerramento da CPI contribuirá para encerrar as tensões geradas pela menção de militares suspeitos de irregularidades durante o governo de Jair Bolsonaro.
Enquanto a cúpula das Forças considera que ainda existem questões a serem esclarecidas, eles concordam que a CPI precisava chegar a uma conclusão. O Ministro da Defesa, José Múcio, já havia expressado seu desejo de encerrar a CPI e punir os responsáveis, enfatizando que a relação entre o Palácio do Planalto e as Forças Armadas melhoraria após o término da comissão.
O relatório final da CPI propôs o indiciamento de 61 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, ex-diretor da Polícia Federal Rodoviária Silvinei Vasques e ex-ministros do governo Bolsonaro. O indiciamento agora será votado pelos 32 parlamentares da comissão e, se aprovado, seguirá para análise dos órgãos competentes.
A orientação da cúpula das Forças Armadas é evitar comentários públicos para não parecer que os militares estão interferindo no Legislativo, já que os pedidos de indiciamento são prerrogativas do Congresso. Este é o primeiro caso na história em que uma comissão parlamentar de inquérito sugere a responsabilização de ex-altos oficiais militares, incluindo oficiais da ativa.
O relatório da CPI argumenta que as Forças Armadas falharam na prevenção dos ataques às sedes dos Três Poderes e na contenção dos acampamentos antidemocráticos. Ele alega que os militares alimentaram o discurso da fraude eleitoral e emitiram notas ambíguas sobre um movimento que buscava suprimir a ordem constitucional. Muitos militares da reserva e da ativa teriam participado da tentativa de insurreição.