Justiça do Amazonas arquiva caso de jovem preso por supostamente planejar ataque em Universidade
Segundo defesa do jovem, tudo foi uma ‘fake news’ orquestrada por colegas do curso de logística, podendo ele processar todos os envolvidos. MPAM pediu o arquivamento do caso por falta de provas
Quanto custa uma mentira? Para um estudante de 23 anos custou a liberdade por duas semanas. Ele foi preso em flagrante em abril deste ano, suspeito de ameaçar cometer um ataque contra alunos de uma universidade da zona Centro-Sul de Manaus. Porém nenhuma prova foi encontrada contra o jovem, vítima de mensagens falsas, espalhadas supostamente pelos “amigos de classe”.
De acordo com Goreth Campos Rubim, advogada do estudante, tudo começou quando o país vivia uma onda de atentados terroristas em escolas. Foi neste período que os colegas de classe do curso de Logística se aproveitaram do momento para dar uma “lição” no jovem de 23 anos.
O rapaz era representante de turma do curso e alguns colegas que eram acostumados a colar nas provas, quiseram prejudicá-lo, pelo simples fato dele ter informado para um professor do curso, qual era o esquema de cola daqueles alunos”, disse.
Foi então, segundo a defesa do estudante, que começou a circular uma “fake news” no grupo de whatsapp de alunos do curso, alegando que o jovem estaria armado e iria realizar um massacre na instituição de ensino. Supostas imagens de uma pessoa armada acabaram sendo atribuídas ao jovem, o que gerou pânico entre os discentes da faculdade.
Dia da prisão
Segundo o próprio inquérito do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), no dia 19 de abril, policiais civis e militares da Secretaria de Segurança de Pública (SSP-AM), a pedido do Núcleo de Inteligência de Segurança Escolar (NISE), foram até a sede da universidade para ter mais detalhes sobre o caso após uma série de denúncias.
Ao chegar, “receberam a informação de que o aluno teria dito a dois seguranças da faculdade que executaria dez alunos da Instituição. Assim, os agentes públicos lhe deram voz de prisão em flagrante”. O celular do jovem foi apreendido e nada foi encontrado. Nenhuma arma de fogo ou branca foi encontrada com o estudante ou na casa dele, que também foi alvo de buscas.
Ainda conforme o inquérito, no interrogatório, o jovem de 23 anos negou todas as acusações. No dia seguinte, na audiência de custódia, mesmo o estudante não se enquadrando nos requisitos de uma prisão preventiva, fazendo com que tanto a defesa quanto o MP-AM pedissem pela liberdade provisória, a juíza plantonista optou por converter a prisão em preventiva.”Depois (da audiência), eu pedi o habeas corpus que foi concedido pela Justiça do Amazonas. Ele ficou pelo menos duas semanas preso. Por se tratar de terrorismo, esse caso foi para a Justiça Federal e eles mesmos entenderam que ele (o estudante) não se enquadrava no crime e devolveu para Justiça Estadual, a ponto de solicitar novas diligências, onde não houve nenhuma prova encontrada contra ele”, acrescentou a advogada Goreth Campos.
Novas Investigações
Ministério Público então ouviu um segurança e uma inspetora da univerdade que estavam no dia da prisão do jovem de 23 anos. O segurança declarou que “não o ouviu ameaçar qualquer pessoa”. Já a inspetora, disse que “uma aluna, uma semana antes, lhe mostrou um print do status de um jovem portando camisa e boné pretos, com a mensagem ‘É HOJE’ e que ouviu de terceiros, que o estudante de 23 anos teria dito que executaria dez alunos da faculdade”, mostra o registro no inquérito.
Uma aluna também foi notificada pelo Ministério Público, mas não compareceu à delegacia para prestar esclarecimentos. Com isso o MP-AM, por não ter provas nem indícios, pediu pelo arquivamneto do processo, o que foi acatado pelo Tribunal de Justiça do Amazonas no fim do mês passado.”O rapaz ficou muito abalado e depressivo. Principalmente porque foi preso por uma falsa acusação, foi expulso da faculdade, humilhado na instituição de ensino e exposto perante a mídia local. Tudo por causa de uma fake news de colegas que não gostavam dele”, salientou a advogada.
Ainda conforme Goreth Campos Rubim, o estudante ele pode processar civilmente as pessoas que lhe ocasionaram os danos a sua imagem e reputação perante a instituição de ensino e a sociedade manauara.”Porque isso poderia acontecer com qualquer um de nós, com nossos familiares”, finalizou a advogada.