Da IA ao 3D, tecnologia otimiza construções pré-fabricadas
Paredes, lajes, vigas, colunas são feitas inteiramente em um ambiente industrial controlado e transportadas para o local de obra, onde são montadas e passam a fazer parte de uma casa. Esse é o modelo de construção pré-fabricada, cujo mercado deve movimentar mundialmente cerca de US$ 30,9 bilhões (R$ 172,6 bilhões, na cotação atual) até 2029, segundo a Mordor Intelligence.
Assim como em outras áreas da engenharia, a construção pré-fabricada também demanda o uso de tecnologia para garantir precisão no planejamento, industrialização dos componentes e padronização dos processos. É o que explica Daniel Matos, engenheiro civil da Garder Engenharia, empresa especializada na área.
“A tecnologia se reflete na integração de sistemas que controlam qualidade, produtividade e logística, além de permitir a produção em escala sem comprometer a excelência da entrega final”, diz Matos.
Entre as principais inovações tecnológicas dos últimos anos, ele destaca a automação de formas metálicas e moldes (que garante precisão dimensional e repetibilidade) e os sistemas de gestão de produção e rastreabilidade das peças para otimizar o controle de qualidade.
Há também a tecnologia de concreto de alto desempenho, que reduz falhas e pode aumentar a durabilidade das estruturas, e a integração entre projeto e produção, com base em modelos digitais (CAD/CAM).
“O uso de modelagem BIM vem ganhando espaço na etapa de projeto, permitindo compatibilização entre disciplinas e antecipação de interferências. A inteligência artificial (IA) já é considerada em processos preditivos de manutenção e logística. A impressão 3D, embora ainda incipiente no Brasil para estruturas em larga escala, desponta como tendência para protótipos e elementos personalizados”, afirma Matos.
O termo “BIM” ao qual o engenheiro se refere vem do inglês “Building Information Modeling”, cuja tradução ao português seria “modelagem da informação da construção”. Trata-se de uma plataforma de modelagem digital que permite a criação de representação 3D das peças e estruturas, simulação de desempenho da construção, planejamento da montagem, entre outros.
“A digitalização permite que cada fase da obra – do projeto à montagem – seja sincronizada. Isso se traduz em: redução de retrabalho, previsão mais precisa de cronogramas, rastreabilidade de cada peça produzida e gestão visual de processos via dashboards, acelerando a tomada de decisão”, diz Pedro Santana, também engenheiro da Garder.
Outra funcionalidade do emprego da tecnologia na construção pré-fabricada é a redução de resíduos. No caso da Garder, o ambiente industrial controlado tem como premissa reduzir drasticamente perdas de materiais. Softwares de corte e produção buscam garantir uso otimizado de insumos e o transporte calculado das peças evita desperdícios comuns nas obras tradicionais, esclarece Santana.
Em relação ao futuro da construção pré-fabricada, Matos e Santana dizem que já é possível identificar algumas tendências. Aplicação de robótica na montagem em campo, produção modular voltada também para obras comerciais e industriais, adoção de materiais sustentáveis e customização em escala industrial com base em dados coletados via IA são exemplos.
“O que se vê é uma busca por obras mais rápidas e com menor dependência de mão de obra especializada, especialmente em um cenário de escassez de profissionais. Ao mesmo tempo, aumenta a demanda por habitações de alta qualidade e padronização construtiva, favorecendo o setor de construções pré-fabricadas”, finaliza Santana.
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