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Dispositivo da Cetrel permite gestão e monitoramento hídrico em tempo real

A criação de novas soluções baseadas em tecnologias como Internet das Coisas (IoT) e Big Data, para o gerenciamento eficiente da água, já é uma realidade. Um exemplo desse tipo de inovação é o Hydrotrack, dispositivo desenvolvido pela Cetrel que utiliza sensores avançados para o monitoramento inteligente e de alta precisão de lagos, rios, poços, reservatórios e tubulações em tempo real. Atualmente em fase de testes, o protótipo permite a coleta de dados em cerca de 28 pontos de sete barragens de água localizadas no Polo Industrial de Camaçari, complexo fabril situado na Região Metropolitana de Salvador (RMS).

Na prática, o produto já possibilita o acompanhamento de parâmetros essenciais, como os níveis de água das barragens. “Se estiverem muito elevados ou baixos, podem comprometer a integridade das estruturas. Com isso, o monitoramento auxilia na identificação de cenários críticos e na elaboração de planos de ação”, explica Calvin Iost, gerente de soluções tecnológicas e inovação da Cetrel.

Segundo Iost, uma das principais vantagens do Hydrotrack é a facilidade de monitoramento de locais de difícil acesso. Como as barragens costumam estar afastadas de infraestruturas elétricas e de telecomunicações, a inclusão do dispositivo torna possível inspecionar vários desses pontos simultaneamente.

“Hoje, conseguimos ter uma visão clara sobre as alterações nos padrões dos parâmetros monitorados. Com base nisso, nossa equipe está avançando para o monitoramento de novos indicadores, relacionados à quantidade e à qualidade da geração de água. No futuro, pretendemos expandir esse acompanhamento para os nossos efluentes, ou seja, para o processo após o consumo”, afirma.

Benefícios da aplicação

O Hydrotrack representa um primeiro passo para a geração de uma base de dados robusta, capaz de viabilizar o desenvolvimento de modelos de inteligência artificial (IA) voltados à previsão de comportamentos ambientais. De acordo com o gerente, as ferramentas de IoT embarcadas no dispositivo utilizam microchips mais avançados que os métodos tradicionais de monitoramento empregados no Brasil. Enquanto as soluções convencionais dependem de infraestrutura elétrica e conexão fixa, os dispositivos do Hydrotrack são alimentados por baterias ou alimentação por energia solar e se comunicam via redes sem fio, o que permite sua instalação em diversas localidades e possibilita rápida substituição em caso de danos.

Em relação à gestão dos recursos hídricos e à sustentabilidade, as chamadas tecnologias de água inteligente ajudam a otimizar o consumo e a tomar decisões com informações mais precisas. “A Cetrel pretende, a longo prazo, monitorar os pontos críticos da sua rede e utilizá-los nos cálculos de balanço hídrico. Isso permitirá determinar com precisão o consumo de água da empresa, os índices de perdas nos processos e outras variáveis essenciais para aprimorar as operações”, destaca Iost.

Embora algumas dessas aplicações ainda estejam nos planos futuros, a primeira fase de implementação testou dados relacionados à vazão de água, utilizando instrumentos de medição como hidrômetros. Nas sete barragens do Polo de Camaçari, as informações sobre níveis de água são coletadas por meio de poços piezométricos — estruturas utilizadas para monitorar o nível da água subterrânea, permitindo acompanhar o comportamento do lençol freático e avaliar a estabilidade das barragens.

Desafios ao longo do caminho

A adoção da Internet das Coisas vem crescendo nas empresas nos últimos anos, mas sua implementação ainda apresenta desafios. No caso do Hydrotrack, Iost ressalta que um dos principais obstáculos foi a jornada de aprendizado. “No Brasil, ainda há poucos profissionais especializados nessas tecnologias, então nosso departamento precisou se aprofundar nos estudos para viabilizar o projeto”, relata.

Além disso, a equipe teve que desenvolver internamente softwares que não existiam no mercado nacional e formar especialistas em análise de dados. “Outro desafio foi trazer para o Brasil equipamentos que aumentam a cobertura de sinal e algumas das ferramentas de IoT. Como nunca haviam sido usadas no país, tivemos que cadastrá-las na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para garantir sua segurança e compatibilidade com os sistemas de telecomunicações brasileiros. Foram muitos investimentos da Cetrel para que o projeto finalmente saísse do papel”, conclui.