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Custos logísticos forçam adaptação nas empresas

Pressionada por fatores como inflação persistente, instabilidades geopolíticas e mudanças estruturais no comércio internacional, a logística global vive uma transformação, e isso se reflete na cadeia de suprimentos, que enfrenta hoje um cenário de custos mais elevados. Embora dados recentes de instituições como o LogisticsManagers’ Index venham apontando sinais de acomodação em alguns segmentos, os custos logísticos ainda permanecem acima dos níveis pré-pandemia, especialmente no transporte marítimo.

Para Diego Lopes Pacheco, gerente de Desenvolvimento de Negócios com 18 anos de experiência internacional, o momento atual da logística é “desafiador e, ao mesmo tempo, profundamente estratégico”. Graduado em Comércio Exterior e com forte atuação nos mercados do Brasil, Chile, EUA e Austrália, Diego tem liderado frentes de transformação logística diante de cenários críticos: “Nos últimos anos, enfrentei de perto as mudanças intensas que impactaram nossa indústria: inflação persistente, aumento do custo de frete, escassez de containers, variação cambial e conflitos que dificultam o tráfego de rotas importantes. Em meio a tudo isso, a resiliência e diversificação de trade lanes se tornaram centrais para qualquer operação global”.

Segundo ele, a flexibilidade logística passou de diferencial a obrigação. Empresas que antes operavam com base em rotas fixas e contratos de longo prazo hoje enfrentam a necessidade de redesenhar suas estratégias em tempo real. “Trabalhei ativamente na reconfiguração de rotas logísticas, na renegociação de contratos com armadores e no suporte a empresas que buscavam alternativas mais viáveis diante de barreiras comerciais, tarifas e oscilações cambiais. As decisões precisam ser rápidas e fundamentadas em dados sólidos”, explica Diego.

Os setores mais impactados por esse cenário são os de bens de consumo, alimentos, produtos farmacêuticos e tecnologia — segmentos que dependem de prazos curtos e previsibilidade de entrega. “Um container que custava US$ 2 mil há quatro anos hoje pode ultrapassar os US$ 10 mil em determinadas rotas — e com riscos logísticos adicionais. Isso afeta diretamente o preço final do produto, os níveis de estoque e a relação com o cliente”, afirma.

A tecnologia tem sido, segundo ele, a principal aliada para enfrentar essa nova realidade. Soluções como rastreabilidade em tempo real, inteligência artificial para previsão de demanda e ferramentas de Business Intelligence (BI) vêm sendo cada vez mais incorporadas por operadores logísticos. “O diferencial hoje está em ler o mercado em tempo real, atuar com precisão e manter a operação rentável mesmo sob pressão”, observa.

Diego também chama atenção para a urgência na formação de profissionais mais preparados para esse novo contexto: “Em um mundo onde a logística se tornou protagonista, profissionais com visão estratégica, experiência multicultural e domínio técnico-operacional são os que realmente fazem a diferença”.

Para o profissional, em meio às turbulências logísticas, uma coisa é clara: o mapa do comércio global está sendo redesenhado. A inflação logística deixou de ser um problema conjuntural para se tornar uma variável estrutural na tomada de decisão. “Empresas que não forem ágeis em adaptar suas rotas, renegociar contratos e adotar tecnologia como eixo de estratégia correm o risco de ficarem para trás”, finaliza.