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Inadimplência atinge 300 mil negócios a mais em 2024

Cerca de 6,9 milhões de empresas encerraram 2024 inadimplentes, segundo Indicador de Inadimplência da Serasa Experian. O número corresponde a 31,6% das companhias existentes no Brasil e revela um aumento de 300 mil em relação ao mesmo período de 2023.

O levantamento considera empresas com ao menos uma dívida em aberto mês a mês. Os dados também indicaram que, ao longo de 2024, apenas fevereiro manteve os 6,9 milhões de empresas inadimplentes registradas no final de 2023, enquanto outubro e novembro alcançaram 7,0 milhões de negócios com dívidas. 

Wallisson Deziderio, sócio fundador da Billion Contabilidade, afirma que os dados são alarmantes e denunciam quais são as dificuldades enfrentadas por empresas brasileiras para manter suas obrigações financeiras em dia. 

“Os números revelam uma fragilidade na gestão financeira e na previsibilidade de caixa. A inadimplência em massa é reflexo não apenas de um ambiente econômico desafiador, mas também da ausência de planejamento financeiro estruturado, controle de custos e acompanhamento constante dos indicadores financeiros”, aponta. 

Conforme o especialista, em sua observação, a falta de controle do fluxo de caixa, a ausência de planejamento tributário, uma má gestão do capital de giro e a confusão entre finanças pessoais e empresariais são os erros mais comuns na administração de empresas que acabam em situação de inadimplência.

“A contratação de despesas fixas que não acompanham a capacidade real de geração de receita da empresa é também um ponto crítico, pois acaba criando um descompasso financeiro difícil de reverter”, revela Deziderio.

Diagnóstico de saúde financeira e outras soluções 

A análise da Serasa também revelou que a somatória das dívidas atrasadas, em dezembro de 2024, chegou a R$ 50,2 milhões, e um total de R$ 150,6 bilhões em dívidas. A média foi de 7,2 boletos e R$ 21.678,1 devidos por negócio. O segmento de serviços representa 31,6% das empresas inadimplentes.

De acordo com o relatório, as micro e pequenas empresas representaram a maioria das inadimplentes, com 6,5 milhões de negativados e mais de R$ 130,0 bilhões em dívidas acumuladas. Esses números correspondem à média de 6,9 contas em atraso por empresa. 

Para o sócio fundador da Billion Contabilidade, lidar com passivos contábeis e dívidas acumuladas sem comprometer o funcionamento da empresa é um desafio que exige a renegociação com credores, buscando parcelamentos e prazos que caibam no fluxo de caixa, o corte de despesas não essenciais, a revisão de contratos e a busca por formas de aumentar a receita, seja por meio de novos produtos ou mercados. 

Segundo ele, o primeiro passo para colocar as contas em ordem é fazer um levantamento completo da situação financeira em que a empresa se encontra, incluindo dívidas, despesas fixas, receitas, tributos em aberto e obrigações trabalhistas. 

“O diagnóstico é essencial para entender o tamanho do problema e traçar um plano de ação. A partir daí, é fundamental reorganizar os compromissos de curto prazo, renegociar dívidas quando necessário e estruturar um orçamento que reflita a realidade financeira da empresa’, declara Deziderio. 

Para um diagnóstico assertivo da saúde financeira da empresa, o especialista sugere a realização de um mapeamento de receitas e despesas reais, uma análise do fluxo de caixa, uma avaliação de dívidas e compromissos futuros, uma revisão contábil e fiscal e a leitura de demonstrativos contábeis, como Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e balanço patrimonial. 

“Levantar todos os valores recebidos e gastos nos últimos meses, entender se a empresa está operando com saldo positivo ou negativo mês a mês, identificar os passivos de curto e longo prazo, verificar se existem obrigações em atraso ou inconsistências contábeis e apurar o lucro ou prejuízo líquido a partir do DRE permite ter uma visão clara do desempenho e da estrutura financeira”, ressalta. 

Gestão, responsabilidade e saúde financeira

Para Deziderio, a inadimplência empresarial não é apenas um problema financeiro, ela compromete relações com fornecedores, acesso a crédito, credibilidade no mercado e, em última instância, a sobrevivência da empresa. 

O especialista enumera sete ações essenciais para uma empresa atuar com responsabilidade financeira:

1) Implantar um controle rigoroso de fluxo de caixa; 

2) Separar finanças pessoais das empresariais;

3) Adotar um orçamento anual com metas e projeções realistas;

4) Fazer acompanhamento mensal de indicadores financeiros;

5) Utilizar a contabilidade como ferramenta estratégica e não apenas obrigação legal;

6) Investir em capacitação financeira dos gestores;

7) Manter uma relação próxima com o contador para decisões embasadas. 

Além disso, o especialista orienta a procura por profissionais especializados que ofereçam soluções contábeis modernas, consultoria personalizada e ferramentas que ajudem o empresário a tomar decisões com segurança e visão de futuro. “A atuação de um contador ou consultoria especializada também é decisiva para identificar oportunidades legais de parcelamento tributário e evitar penalidades adicionais”.

Para o sócio fundador, a gestão financeira empresarial em 2025 será marcada pela consolidação da transformação digital, com ampliação das possibilidades de análise da saúde financeira dos negócios.

“Este ano reserva um maior uso de ferramentas de automação contábil, dashboards financeiros em tempo real e inteligência artificial para análises preditivas. Também veremos um movimento crescente de profissionalização da gestão nas pequenas empresas, impulsionado pela necessidade de eficiência e sustentabilidade financeira”, conclui Deziderio.

Para mais informações, basta acessar: billioncontabilidade.com.br/